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Introdução

Com a crescente digitalização dos serviços financeiros, muitas empresas têm optado por terceirizar a infraestrutura responsável pelo processamento de suas transações. A ideia de contar com parceiros especializados, com tecnologias de ponta e modelos de pagamento por uso, soa bastante atraente — especialmente quando comparada aos altos custos de manter servidores e equipes internas dedicadas.

Mas é justamente nesse ambiente de alta conectividade e confiança depositada em terceiros que surgem riscos sérios, muitas vezes subestimados. O principal deles? O impacto financeiro direto causado por fraudes, invasões e operações maliciosas que exploram brechas em ambientes terceirizados.

Quando o prejuízo é real e imediato

Diferente de um vazamento de dados, cujos danos podem ser reputacionais e de longo prazo, os ataques direcionados ao ambiente de transações têm um efeito mais direto e devastador: geram prejuízo financeiro quase instantâneo. Fraudes bancárias, pagamentos indevidos, transferências não autorizadas e manipulação de transações em tempo real são algumas das ações possíveis quando um sistema está vulnerável — especialmente quando sua segurança está nas mãos de terceiros.

Ao terceirizar o ambiente de processamento, a empresa precisa confiar que o provedor terá mecanismos suficientes para identificar, bloquear e responder a atividades anômalas. Mas nem sempre isso acontece com a agilidade necessária. Em casos reais de fraudes, bastam segundos para que uma transação maliciosa seja executada com sucesso, e quando o alerta chega, o dinheiro já saiu do sistema.

Fraudes automatizadas e engenharia de invasão

Hoje, os ataques não dependem mais de ações manuais ou isoladas. Existem grupos especializados em fraudes financeiras que utilizam scripts automatizados para explorar APIs mal configuradas, falhas em autenticação de múltiplos fatores ou inconsistências em regras de validação. Eles simulam comportamentos legítimos, utilizam redes de bots e até testam transações em ambientes menos monitorados — tudo com o objetivo de executar operações aparentemente válidas, mas que desviam recursos.

Esses ataques são ainda mais difíceis de conter quando o ambiente está fora da empresa. Isso porque os times internos, muitas vezes, não têm acesso direto aos logs de segurança, às camadas de proteção ou à configuração dos controles transacionais. Dependem da equipe do provedor para detectar o problema, comunicar a ocorrência e aplicar a correção — o que, na prática, pode representar um atraso fatal.

A fragilidade dos acordos de confiança

Mesmo com cláusulas contratuais e SLAs bem definidos, há limites para o que um contrato pode proteger. Em casos de fraude com impacto financeiro direto, é comum que o prejuízo inicial recaia sobre a empresa contratante, e não sobre o fornecedor. Isso acontece porque o serviço prestado pode até estar tecnicamente “funcionando”, mesmo que tenha sido explorado de forma maliciosa. Ou seja, a responsabilidade pelo ambiente pode até ser do provedor, mas a responsabilidade sobre os valores perdidos continua sendo da empresa que processa as transações.

Além disso, a complexidade de provar que uma falha partiu do parceiro técnico pode dificultar reembolsos, acionar seguros cibernéticos ou até bloquear juridicamente a reversão das perdas. Em um ataque bem planejado, com múltiplos pontos de entrada, o rastro pode se perder antes mesmo que a investigação comece.

A falsa sensação de proteção

Outro risco está na crença de que provedores terceirizados, por serem grandes e certificados, estão automaticamente mais protegidos. É verdade que muitas dessas empresas seguem boas práticas de segurança e possuem estruturas avançadas, mas isso não as torna infalíveis — principalmente diante de ataques sofisticados que visam fraudar transações em tempo real.

A segurança real não depende só de infraestrutura robusta, mas também de conhecimento profundo do negócio, do perfil das transações, do comportamento esperado dos usuários e da integração com outras camadas de controle da empresa. Quando tudo isso está nas mãos de um fornecedor externo, a empresa perde a capacidade de reagir com autonomia e rapidez, o que é essencial para conter fraudes enquanto ainda estão acontecendo.

Conclusão

A terceirização da infraestrutura de transações financeiras pode trazer vantagens operacionais, mas carrega consigo um risco financeiro considerável. Em um mundo onde os ataques são cada vez mais sofisticados e visam ganhos rápidos, depender de terceiros para detectar e bloquear fraudes pode sair caro — e em alguns casos, irreversível.

Mais do que avaliar o custo da operação, é preciso entender o custo do risco. Antes de confiar suas transações a um provedor externo, a empresa precisa ter clareza sobre como será protegida em tempo real, como reagirá diante de tentativas de fraude e, principalmente, o quanto está disposta a aceitar que o prejuízo possa não ser responsabilidade de mais ninguém além dela mesma.

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